quarta-feira, 27 de julho de 2016

Dioctophyma renale, o verme gigante dos rins



Você inclui parasitismo por Dioctophyma renale na sua lista de diagnósticos diferenciais de hematúria? Se não incluía, passe a incluir. E mais uma vez ressalto a importância do exame ultrassonográfico sempre! Pode ser uma simples cistite, mas pode não ser ;-)


O Dioctophyma renale, o verme renal gigante, é um parasita de ciclo complexo, que precisa de dois hospedeiros intermediários (anelídeos e peixes ou sapos) para depois infectar o mamífero que come o peixe/sapo cru infectado. A infecção do humano é rara, mas pode ocorrer. No mamífero (ex: no cão) a larva penetra a parede do intestino e migra ao rim e/ou cavidade peritoneal (geralmente o rim direito, devido à proximidade com o duodeno). O parasita destrói o parênquima renal e na imagem ultrassonográfica vemos a cápsula renal e o corpo do verme (estruturas anelares e longilíneas como na foto). Os ovos do parasita podem estar presentes na urina e, portanto, a análise do sedimento urinário auxilia no diagnóstico. Porém, somente haverá ovos se um dos vermes for uma fêmea gravídica. Por isso, a ultrassonografia abdominal é tão importante para o diagnóstico.

Na topografia de rim direito de um cão observou-se a presença dos vermes, com destruição do parênquima renal.



 

sábado, 2 de julho de 2016

Laudos/relatórios de imagem. Como melhorar?

Laudos/Relatórios de Imagem

Recentemente foi publicado na revista Veterinary Radiology and Ultrasound um artigo mostrando resultados de uma pesquisa com relação aos laudos/relatórios de imagem. O laudo é o documento oficial de comunicação entre o veterinário da área de imagem e o clínico que faz a requisição do exame para melhor atender o seu paciente. 

A maioria dos clínicos que responderam à pesquisa não tinham acesso à um radiologista em tempo integral na sua clínica e requisitavam de 0-5 exames por semana. Já os especialistas, em sua maioria, trabalhavam diretamente com pelo menos um radiologista e requisitavam 10+ exames por semana. 

A maioria dos especialistas responderam que frequentemente lêem somente a conclusão do laudo. Tanto clínicos quanto radiologistas concordaram que uma breve história clínica é importante para se chegar a um bom laudo. Clínicos e radiologistas concordaram que uma pergunta/dúvida clínica é importante para um bom laudo e que quando houvesse uma pergunta, essa deveria ser respondida no laudo. 

Com relação a estrutura do laudo, a maioria dos clínicos preferem laudos com listas básicas por órgão ao inves do texto descritivo. 

Com relação ao conteúdo do laudo, se um órgão não foi citado no laudo, a maioria dos clínicos entendem que este não foi visto/estudado pelo radiologista. 80% dos clínicos disseram que mesmo se o laudo fosse colocado de forma simples, eles entenderiam que o exame tinha sido feito de forma minuciosa. 

Oitenta e seis por cento dos clínicos ficam satisfeitos quando recomendações de exames adicionais de imagem são feitas. Já as recomendações não relacionadas à imagem são satisfatórias à 86% dos clínicos gerais e somente para 39% dos especialistas. Recomendações cirurgicas foram satisfatórias para 83% dos clínicos gerais e 50% para especialistas.


Concluindo: há uma variedade de maneiras de se fazer um laudo e pouco consenso entre eles. O estudo mostrou, de forma geral, que os clínicos gostam que todos os órgãos sejam mencionados no laudo com listas simples de alterações, incluindo achados incidentais. O histórico e uma “pergunta clínica” a ser respondida facilitam o exame e laudo. Recomendações em geral são bem aceitas pelos clínicos. Especialistas com mais tempo de experiência acreditam saber usar a informação da imagem em sua especialidade de melhor forma que o radiologista, porém relataram que frequentemente não teriam visto alguma alteração relatada pelo radiologista. Os clínicos relataram que os laudos eram longos demais para manter a relevância clínica. Os clínicos gostam de uma lista de diagnósticos diferenciais mais restrita, enquanto o radiologista precisa acrescentar uma lista mais extensa por questões legais.

O artigo está disponível para quem quiser mais detalhes. Acho que vou ter que adaptar meus laudos um pouquinho depois de ler essa pesquisa ;-)