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Imagem ultrassonográfica da glândula adrenal esquerda normal de um cão. |
As glândulas adrenais são
glândulas que produzem hormônios como aldosterona, cortisol e adrenalina. A
doença mais comum em cães que envolve as glândulas adrenais é o
hiperadrenocorticismo (ou síndrome de Cushing). Nela, há liberação de altos
níveis de cortisol, que levam a vários sintomas como polidipsia, poliúria,
polifagia, abdomen abaulado, perda de pêlos de forma simétrica e bilateral,
cansaço, entre outros.
Essas glândulas podem ser
avaliadas durante o exame ultrassonográfico. A adrenal esquerda é mais fácil de
se encontrar porque está um pouco mais caudal que a direita. O conhecimento da
sua posição anatômica nos ajuda na hora do exame. Ela fica entre o rim esquerdo
e a aorta, caudal às arterias celíaca e mesentérica cranial, cranial à artéria
renal. Já a glândula adrenal direita fica cranial às artérias celíaca e mesentérica
cranial e justaposta à veia cava caudal.
Na imagem ultrassonográfica, as
adrenais têm a cortical menos ecogênica e a medula mais ecogênica. A adrenal
esquerda tem uma constrição central e pólos mais arredondados, o que faz com
que pareça um “amendoim” ou “haltere de academia”. Já a direita tem forma de
“vírgula” ou “bumerangue”, com extremidades assimétricas.
E o tamanho? O que é normal?
Existem vários trabalhos publicados falando sobre isso e valores normais para
cães variam de 1 a 5 cm de comprimento e se aceita o diâmetro máximo
transversal de 0,74 cm. Alguns cães normais terão valores um pouco mais altos
que isso (lembrando que é uma curva padrão). E as adrenais direitas são, na
maioria das vezes, menores que as esquerdas.
Nos gatos elas geralmente ficam
em localização um pouco mais cranial que o pólo cranial dos rins e são mais
arrendodadas ou ovóides. Valores normais variam de 0,45 a 1,4 cm de comprimento
e 0,29 a 0,53 cm de diâmetro transversal.
No hiperadrenocorticismo
hipófise-dependente, o achado clássico é aumento bilateral, simétrico e
uniforme das glândulas adrenais (raramente pode ser unilateral – temos que
diferenciar de neoplasia primária ou metastática; também pode estar dentro do
normal, novamente lembrando que é uma curva padrão, se o normal daquele paciente
era baixo, o aumentado dele pode estar dentro do valor normal). O fígado
constuma estar alterado, com aumento de ecogenicidade. E claro, lembrar de
associar esse achado com os sinais clínicos e alterações hematológicas,
bioquímicas e endócrinas.
No hiperadrenocorticismo
adrenal-dependente o aumento da glândula adrenal esperado é unilateral, ocasionado
por neoplasias (massas arredondadas ou ovais que crescem de forma concentrica).
A ecogenicidade pode variar de sólida a complexa. Pode ocorrer mineralização
(especialmente em adenocarcinomas), e portanto, sombra acústica posterior
(lembrando que 30% dos indivíduos normais podem ter mineralização na adrenal).
A glândula contralateral pode estar normal ou diminuída. Os tumores de cortical
são mais comuns em fêmeas e raças grandes.
Podemos ainda encontrar os feocromocitomas,
que são tumores de células cromafins da medula da adrenal. São totalmente
diferentes dos que causam hiperadrenocorticismo, esse tumor produz adrenalina.
Os sintomas são inespecíficos. Na ultrassonografia podem ser vistos como uma
massa unilateral, pode ter ecogenicidades variadas. Não costumam sofrer
mineralização. Podem invadir vasos próximos e causar metástases. Porém, geralmente
são achados incidentais. São difíceis de diferenciar do adenocarcinoma da
cortical.
Resumindo, quando encontramos uma
massa unilateral na adrenal, com a adrenal contralateral normal, podemos estar
diante de feocromocitoma, neoplasia adrenocortical não funcional, metástase, ou
até uma neoplasia adrenocortical funcional.
Se as glândulas adrenais estiverem
pequenas, podemos estar diante do hipoadrenocorticismo ou casos em que há
administração exógena de corticóides. Os valores mínimos normais não estão bem
estabelecidos. Alguns sinais clínicos são anorexia, vômito, diarreia, perda de peso, entre outros.
Alterações em adrenais de gatos
não são muito comuns.
Em humanos se faz punção
aspirativa de adrenal, mas em animais se questiona a real vantagem do exame
citológico nesses casos. Normalmente a quantidade de material é insuficiente e existe risco
de hemorragia e crises hipertensivas na presença de feocromocitomas.
Glândula adrenal direita e sua proximidade à veia cava caudal. |